Fotografia da autoria de José Pessoa (2001) IMC - Divisão de Documentação Fotográfica Lisboa.
Bonifácio Lázaro Lozano «Gente da Nazaré», s/d
(guache sobre tela)
- Museu de José Malhoa -
I II
Gente de cinta e barrete, Gente que nos passos
Gente de capa e chapéu, Ia em procissão,
Quem te conheceu ó gente Com os pés descalços,
Nunca mais te esqueceu. Regresso sem pão.
Gente que comia Gente que pescava
Sentada no chão, Em mares de gelo,
Mais peixe que pão. Para tornar a vê-lo.
Gente que dormia Gente que partia
Na areia da praia, Para não mais voltar,
Gente que cobria Gente que perdia
Os filhos com a saia. Seus homens no mar.
Gente que andava Gente que sofria
Léguas e léguas a pé, Do mar a traição,
E à cabeça carregava De preto vestia
O peixe da Nazaré. Com capa e gabão.
Gente que subia Gente que arranhava
A altos pinheiros, O seu próprio rosto,
Gente que fugia Quando o mar matava
De guardas matreiros. Tal era o desgosto.
Com os braços no ar, Que o mar é um cão,
Gente que amava Mas que lhe pedia
Com medo de amar. Sua compaixão.
Gente que cobria Gente de pele salgada
O solho com esteira, Pela força da maré,
Gente que paria Gente pobre, mas honrada
De qualquer maneira. A gente da Nazaré.
Gente que brincava (Maria da Nazaré)
Sem ter um brinquedo, livro de poesia
Gente que usava “GENTE E MAR”
Roupa com remendo. 1997
. "Gente"